"AS VEZES O TEMPO NAO NOS DEIXA AGARRAR A VIDA!"
(FOTO MINHA AUTORIA)
Não importa se és profissional, se és competente, se dás o teu melhor, porque o valor da tua competência, está sempre nas mãos de quem te avalia!
Esta noite, sentiu-se só.
A noite tinha caído e ele tinha mergulhado no seu manto negro vestindo a solidão. Nunca na sua vida se tinha sentido tão sózinho. Anos atrás, após um desenlace amoroso, tinha decidido que íria percorrer o caminho da sua vida sózinho. Não era de ninguém e ninguém era dele. Viveria numa total liberdade de pensamentos, emoções e acções. Nem mesmo ele seria seu dono. Entregaria o seu ser, a sua alma ao advir. Este encarregar-se-ia de o moldar às suas situações, às vivências.
E tinha vivido feliz durante um bom par de anos! Mas...hoje, particularmente, sentia-se só.
Lá fora, as folhas dos abetos flutuavam ao som do vento que se fazia sentir, o céu estrelado adornava a Lua, que brilhava e iluminava as almas da noite. O lago iluminado pela Lua, projectava sombras na parede branca da casa. O jardim assim iluminado, pela Lua, parecia ganhar uma outra vida, uma vida diferente daquela que assistia todas as manhãs ao raiar do Sol. Aquela quietude, a que estava habituado, hoje estava a pô-lo fora de si. Um vazio interior começava a apoderar-se dele e ele queria fugir dali, queria sentir a presença de alguém. Nem mesmos os escritores que teimavam habitar as suas prateleiras, hoje, lhe poderiam fazer companhia. Nem mesmo a sua poltrona lhe parecia confortável. Hoje, esta noite, precisamente, neste dia, tempos atrás, ele tinha sido feliz. Tinha encontrado a felicidade. Hoje não! Esta noite, dessa felicidade, restava sómente a saudade de tudo o que ficou depois de tudo partir.
Um nevoeiro denso saía, agora, sobre o jardim, e ele inerte, junto à janela do seu quarto continuava a observar o cair da noite, a transformação que ao mesmo tempo acontecia lá fora e dentro de sil.
Foi então que a viu. Saída de um raio de Lua, ela apareceu, toda vestida de branco, num vestido semi-transparente, deixando adivinhar o seu corpo. Os cabelos longos, ondulados, escuros, caídos sobre os ombros conferiam-lhe uma beleza indiscritível. Havia no rosto dela uma ausência de cor que subitamente lhe fazia lembrar uma estátua branca. Mas era bela. Ali à luz da Lua, num contraste preto e branco, ela era bela. E viu-a avançar pelo jardim, com movimentos generosos, longos e viu o seu corpo balançar por debaixo do vestido semi-transparente.
Era bela.
Parou junto ao lago, e com passos leves caminhou sobre a água do lago. Nesse mesmo instante, ele sentiu um frio enorme e uma solidão absoluta como nunca sentira antes.
Fechou os olhos.
Quando os abriu, avistou apenas um rasto do vestido branco que desaparecia entre os abetos e se afastava pelo denso jardim adentro.
Era a sua Felicidade.
Saudades que eu tenho da chuva!
De a ver cair com o seu passo certinho e contínuo.
Da sua voz calmante que me conforta a alma.
De juntar as minhas lágrimas às suas lágrimas e vê-las correr sem destino traçado.
Do cheiro a terra molhada. Ai! O cheiro da terra molhada!
Do aconchego da manta, num sofá meu e teu.
Do enroscar-me num abraço só teu ao som da sua música.
Da sensação do conforto depois da roupa encharcada!
Do sabor especial que uma bebida quente tem.
As saudades que eu tenho da chuva!
E ela fugiu, apenas...
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. Mar
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. SAUDADES